Quem quer que tenha mergulhado, com autenticidade no modo de vida do grande Continente africano, sabe que a realidade de magia é ai profundamente tangível em todas as coisas da vida, e que opera milagres. Impõe-se uma única atitude perante a magia africana: “a do respeito”.
As suas raízes pertencem à alma de todo um povo para que do exterior, alguém posa permitir-se fazer um julgamento de valor. A magia africana é essencialmente benéfica, e serve para ajudar o homem, embora saibamos que ao longo dos tempos existiram personagens que não resistiram à tentação de usar práticas mágicas para prejudicar o próximo, ou saciar a sua sede de poder, e fazem com unhas, cabelos, saliva, suor, urina, esteiras onde se dorme, roupa usada, algo que faça parte da pessoa, por isso todo o cuidado é pouco ao deixarmos estas coisas ao abandono.
Desmascarar as bruxas e bruxos e pô-los fora de condições de prejudicar constitui uma das grandes missões da magia popular.
Existem também processos de defesa passiva contra os procedimentos maléficos das bruxas e bruxos; untar-se com um ungento mágico. Pendurar cebolas nas janelas das palhotas e enterrar nas cercas cornos cheios de talismãs.
Nas aldeias sãos realizados ritos colectivos de exorcismo, em cada estação do ano para expulsar todos os espíritos maus da religião, os feitiços divinos em estojos de veludo vermelho, ornamentados com penas de papagaio, são transportados pelas ruas da aldeia, sobre a cabeça dos mágicos. Atrás vão os fieis que transportam vasos contendo uma decoração sagrada que foi preparada durante semanas para este dia especial. As pessoas levam escovas e vassouras para irem limpando a praça ou rua por onde passam, também transportam estatuetas de terra e madeira que representam os espíritos maus capturados ao longo do ano.
Em África nasce-se mágico pelo leite ou pelo sangue. Dois ou três dias depois do nascimento junta-se à mamada uma beberagem mágica usada para se entrar em transe a quando das cerimônias, decocção de plantas de grão de algodão, de milho moído, arroz a que se juntam algumas escórias de feno. A beberagem é posta a um canto da palhota e todos se retiram.
O pai recita a longa forma ancestral, incluindo a genealogia, até ao avô mais remoto, que torna propicias para o recém nascido, todas as forças ocultas e transmite-lhe o poder mágico. O pai entra na palhota e escarra 3 vezes no copo que tem a beberagem se o filho for rapaz e 4 vezes se for rapariga.
Incorpora-lhe assim o poder ancestral dos seus antepassados. O recém nascido será mágico por vontade dos vivos e dos mortos.
Contudo a criança não usa antes dos 16 anos os seus poderes, só nessa altura, terá a idade da razão: levará anos de aprendizagem para que o seus papel protector da colectividade contra as feras, a seca, doenças, os guerreiros inimigos e os maus espíritos, por vezes a iniciação dos mágicos, feiticeiros, é horrível derivado às inúmeras provas que têm de passar.
Mas depois disto tudo, sairá um Mago que irá proteger o seu povo e a sua aldeia ou tribo.